sábado, 18 de dezembro de 2010

MÍDIA AMBÍGUA

Mídia ambígua
Seminário no Congresso Nacional chega à conclusão que mídia trata homossexualidade de forma ambígua
por Redação MundoMais
IlustraçãoSeminário discutiu liberdade de expressão, censura e homofobia
BRASÍLIA – O seminário Os Limites entre Liberdade de Expressão, Censura e Homofobia, realizado ontem, 15, na Câmara dos Deputados, chegou à conclusão que a mídia brasileira trata a homossexualidade de forma ambígua.
Realizado pela Comissão de Legislação Participativa, o seminário contou com a participação de alguns parlamentares e representantes da militância LGBT. A comissão, criada em 2001, discute propostas encaminhadas pela sociedade civil de temas que possam vir a ser projetos de lei.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) questionou a postura dos canais de TV que também aflige os homossexuais. Segundo ele, algumas novelas e alguns telejornais tratam a homossexualidade com respeito, mas os programas humorísticos, não.
"Queria entender o que justifica esse comportamento das emissoras", disse Pimenta. "Mesmo na teledramaturgia há estereótipos no tratamento dos homossexuais. É preciso aprovar a lei que trata desse preconceito", disse Igo Martini, coordenador-geral da Secretaria Especial de Direitos Humanos.
Parceira – A desembargadora aposentada que trabalha com direitos homoafetivos Maria Berenice Dias disse que a mídia é uma parceira para combater a homofobia. "Não há tema social que mais ocupe espaço que os ligados à causa homossexual. Qualquer delito homofóbico e avanços na causa são sempre muito debatidos", salientou.
Já o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) Toni Reis acusou como responsáveis pelas construções pejorativas dos homossexuais na TV os programas policiais e os religiosos. Reis também condenou a censura das novelas no tocante a não exibirem formas de afeto entre personagens homossexuais.
Beijo gay – Presente no seminário, o diretor do Departamento de Classificação do Ministério da Justiça Davi Pires afirmou que o governo não proíbe – de forma alguma – troca de afetos entre personagens homossexuais nas telenovelas, como o beijo. "Para nós, o beijo gay é como outro beijo qualquer. A classificação depende do que envolve esse ato, como afeto e valorização do relacionamento em um contexto", afirmou. Pires destacou que as emissoras têm a liberdade de exibir o que quiserem, mas agem de acordo com os seus interesses.
Todos concordaram que a aprovação do Projeto de Lei da Câmara -122/06 (PLC-122/06), que torna a homofobia crime no Brasil, e o Projeto de Lei 5003/01 (PL-5003/01), que acrescenta a “orientação sexual” e a “identidade de gênero” como passíveis de crime de preconceito, como importantes. O PL 5003/01, apresentando na época pela deputada Iara Berbardi (PT-SP), altera a Lei 7716/89, que trata dos crimes relacionados ao preconceito de raça, sexo, cor, etnia, religião e procedência nacional.

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